O Projeto Ecorais tem como objetivo geral avaliar e monitorar a saúde dos ambientes coralíneos, promover a sensibilização da sociedade e subsidiar informações relevantes para a gestão ambiental da Armação dos Búzios, a fim de garantir o uso sustentável desses ecossistemas marinhos.
Os recifes rochosos são considerados um dos mais importantes ecossistemas por conter uma alta riqueza de espécies de grande importância ecológica e econômica, tais como corais, mexilhões, ostras, crustáceos e uma variedade de peixes. As atitudes quanto à preservação e à proteção, bem como a avaliação dos danos provocados a uma comunidade, pressupõe seu prévio conhecimento.
Histórico e Descobertas
Em 2000, foi criado o Projeto Ecorais, a partir do mestrado da aluna Simone Siag Oigman da UERJ, para avaliar a saúde dos corais como indicador da degradação ambiental da Armação dos Búzios, em função de uma solicitação feita pela Prefeitura da Armação dos Búzios referendada com o suporte da colônia de pescadores preocupados com os danos causados pela pressão humana na região de Búzios.
Os pesquisadores do Projeto Ecorais destacaram os recifes rochosos da Armação dos Búzios como de extrema importância ecológica devido à alta abundância de corais encontrados na região. Os estudos, coordenados pela Dra. Simone Siag Oigman Pszczol geraram uma dissertação de mestrado, uma tese de doutorado e várias publicações em periódicos científicos internacionais e congressos, com informações inéditas sobre ecologia das comunidades bentônicas, lixo marinho, percepção sobre corais, regeneração dos corais e pressão humana sobre a fauna e flora marinhas de Búzios.
Tais descobertas científicas foram importantes, em 2009, para a criação da Área de Proteção Ambiental Marinha de Armação de Búzios (APAMAB), que abrange toda a área marinha do município e o Parque Natural dos Corais de Armação dos Búzios, com o objetivo de preservar a fauna marinha e os ecossistemas associados.
O primeiro estudo sobre a saúde dos corais de Búzios foi feito em 2000. Dentre os principais resultados encontrados, observou-se que o coral-estrelinha, Siderastrea stellata, domina extensas áreas apresentando uma alta abundância e tamanho, fato incomum em costões rochosos. No entanto, evidenciou-se que a situação dos corais era crítica. Ao estudar o lixo marinho, observou-se que existem duas fontes: uma relacionada a hábitos de usuários nas praias e/ou em barcos de passeio e outra relacionada à pesca (descarte de equipamentos de pesca). O índice de impacto ambiental formulado mostrou que um terço dos costões rochosos está sob alto ou muito alto estresse ambiental. Os locais que tiveram os maiores índices de impacto apresentaram a pior saúde do coral-estrelinha. Ao estudar a percepção da população e visitantes buzianos sobre os corais, observou-se que as pessoas possuíam um baixo conhecimento sobre corais e também não sabiam reconhecê-los. Os entrevistados compravam ou apanhavam corais no mar sabendo ou não o que era um coral.
As pesquisas foram financiadas pelo WWF – Brasil, pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CAPES e também teve apoio logístico da Prefeitura e mais de 20 estabelecimentos comerciais de Búzios (lojas, hotéis, restaurantes, operadoras de mergulho e locadora de carros).
Além do tesouro marinho que existe embaixo d’água, o Projeto ECORAIS descobriu também que a população de Búzios faz parte deste tesouro. Revelou-se um fato raro no Brasil, a preocupação ambiental dos comerciantes locais (lojas, hotéis, restaurantes, operadoras de mergulho, locadora de carros) ao se manifestaram a favor da pesquisa, concedendo apoios fundamentais que viabilizaram esses estudos, já que para cada expedição do Projeto Ecorais é necessário o deslocamento, a instalação e alimentação de uma equipe de biólogos.
Presente e o Futuro
Em 2016 0 Projeto Ecorais foi selecionado pelo FUNBIO na chamada 02/2016 que selecionou cinco projetos que visam à geração de conhecimento científico sobre a biologia, ecologia, conservação e dinâmica populacional nos ambientes costeiro e marinho, o status dos estoques pesqueiros, o desembarque pesqueiro, aspectos nutricionais de espécies alvo e socioeconomia da pesca, de modo a subsidiar o uso sustentável dos recursos pesqueiros no estado do Rio de Janeiro.
O Projeto Ecorais tem apoio de recursos decorrentes de Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado pela Chevron Brasil com o Ministério Público Federal com implementação do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Funbio.
Nos próximos dois anos, o Ecorais estabelecerá a linha de base da saúde dos habitats coralíneos a partir dos dados existentes de 2000/2001. Reavaliará a saúde atual dos corais e dos habitats coralíneos, permitindo uma comparação com os dados de 16 anos atrás, incluindo desta vez também a comunidades de peixes herbívoros associados. Além disso, o efeito dos fatores abióticos sobre a saúde dos corais e as principais pressões antrópicas sobre os habitats coralíneos serão analisados.
O projeto também se propõe a educar crianças, jovens e adultos de diversos segmentos da sociedade sobre a conservação dos habitats coralíneos através de campanhas de sensibilização e formação de agentes multiplicadores de informações sobre a conservação marinha, através de cursos para qualificação de educadores.
Antigos parceiros:
UERJ; WWF, CAPES, CNPq, Prefeitura Municipal de Armação dos Búzios, Osklen, Restaurantes Boom, Restaurante do David, Pousada Corais e Conchas e Pousada Le Palmier, Operadora de Mergulho Casamar. Associação dos Hóteis de Búzios, Apart Hotel Jardim de Geribá, Chez Michou, Hotel La Bohéme, Hotel Galápagos Inn, La Prima pães e doces, Operadora Ponto Mar, Pousada Blue Marlin, Pousada Corais e Conchas, Pousada Pelicano, Pousada dos Reis, Pousada Riviera de Búzios Resort, Pousada Tangarás, Pousada Tartaruga, Restaurante Boom, Restaurante do David, Restaurante Nautilus, Restaurante A Pomba, Tartaruga – Bar e Restaurante e Venturini – Locadora de Carro.
Em breve uma lista de artigos na região.